domingo, 10 de abril de 2011

Milton Santos

 Diferenças Fundamentais entre tradicional e nova Hierarquia urbana.
Na concepção Tradicional de hierarquia urbana, baseada na noção de hierarquia militar era muito rígido e fechado. Assim as, relações dentro da rede urbana seguiam uma hierarquia crescente: Vila, cidade, local, centro-regional, metrópole-regional, metrópole-nacional e metrópole-mundial. Na nova noção de hierarquia urbana, em função dos avanços tecnológicos nos transportes e nas comunicações rompe-se com essa hierarquia rígida. Desse modo a vila ou a cidade local podem relacionar-se diretamente da metrópole regional ou nacional.
 Ainda nos anos 60, incansável e crítico, Milton Santos embrenhou-se na política, numa tentativa audaz de transformar a realidade social que transparecia nos estudos geográficos produzidos na UFBA. Convidado pelo Presidente da República Jânio Quadros — a quem havia conhecido durante a cobertura para A Tarde da viagem presidencial à Cuba — o já conhecido professor, jornalista e geógrafo, tornou-se também representante da Casa Civil de Jânio na Bahia e, em 1964, presidente da Comissão Estadual de Planejamento Econômico (CPE) no governo estadual de Lomanto Júnior. Com a renúncia de Jânio, identificado com a corrente renovadora do planejamento e tendo desafiado interesses tradicionais, Santos foi alvo do primeiro movimento de repressão a intelectuais da Bahia. Entre as propostas de "intervenção urbana" que teriam "desagradado ao regime" estava a criação de um imposto sobre a fortuna, em discussão na CPE. A viagem à Cuba e os artigos sobre a revolução cubana também devem ter contribuído para que seu nome integrasse os arquivos do Exército. Demitido do cargo de professor da UFBA, obtido por concurso, passou 90 dias preso no quartel do Cabula, em Salvador, só saindo de lá por causa de um pré-infarto e de um derrame facial que o levaram ao hospital. Sem alternativa e tendo um convite de colegas franceses, deixou a Bahia em dezembro de 1964.

  Milton Santos nasceu no município baiano de Brotas de Macaúbas em 3 de maio de 1926, passou por varias cidades baianas quando criança, por exemplo Ubaituba, Alcobaça e Salvador, aprendeu a falar Frances e aprendeu álgebra . Alfabetizado pelos seus avos maternos (professores primários em Alcobaça) Instituto Baiano de Ensino era onde estudava e dava aulas de matemática aos seus 13 anos de idade. Aos 15 lecionou Geografia e aos 18 prestou vestibular para Direito em Salvador ainda assim marcou presença na militância politica de esquerda e não deixou de se interessar pela Geografia, por mais que formado em Direito fez concurso para professor catodratico no colégio Municipal de Ilhéus. Além do magistério desenvolveu atividades jornalísticas diminuindo suas amizades com políticos de esquerda. Escreveu o livro nesta época “ZONA do CACAU”. Tratando daquela monocultura na região. Ainda em Ilhéus, conheceu Jandira Rocha, com quem se casou e teria um filho, Milton Filho, retornou para Salvador, e se formou professor na faculdade Católica de Filosofia e editorialista do "A Tarde" e publicou mais de uma centena de artigos de geografia. Em 1956, foi convidado pelo professor Jean Tricart aso concluir seu doutorado em Estrasburgo (França). Tendo viajado pela Europa e pela África, publicou em 1960 o estudo "Mariana em Preto e Branco". Depois do doutorado (com a tese "O Centro da Cidade de Salvador"),voltou para o Brasil. Novamente professor da Católica de Filosofia, criou um ambiente intelectual dinâmico, que atraiu dezenas de estudiosos estrangeiros para darem conferências e
cursos. 
 No final dos anos 1950, Milton participou de um concurso (que acabou não se realizando) para livre-docente na Universidade Federal da Bahia. Após ter recorrido à Justiça, conseguiu prestar o exame, defendendo brilhantemente a tese "Os Estudos Regionais e o Futuro da Geografia", na época, Milton Santos foi um dos fundadores do Laboratório de Geomorfologia e Estudos Regionais da Universidade da Bahia, que demonstraria grande vitalidade na promoção dos estudos da área. 
Com o golpe militar de 1964, Milton Santos foi preso e depois exilado. Convidado a lecionar na Universidade de Toulouse (França), ficou ali três anos. Seguiu então para Bordeaux (França), onde conheceu Marie-Hélène, a geógrafa que se tornaria sua companheira e com quem teria o filho Rafael. A década de 1970 foi um período intelectualmente bastante fértil para Milton Santos, que estudou e trabalhou em universidades no Peru, na Venezuela e nos EUA. Nesse último país, entre 1975 e 1976, foi pesquisador no Massachusetts Institute of Technology (MIT). 

  Em 1977, retornou para o Brasil, trazendo já completa a obra "Por uma Geografia Nova". Começou então um período difícil. Atuou como consultor e professor assistente e realizou trabalhos esporádicos até que, em 1984, conseguiu o posto de professor titular na Universidade de São Paulo (USP). 
Em 1994, recebeu o Prêmio Vautrim Lud, considerado "o Nobel da geografia". Continuou trabalhando ativamente até o fim da vida e foi agraciado com inúmeras honrarias, títulos e medalhas. Milton Santos morreu aos 75 anos, legando obras e atividades que foram um marco nos estudos geográficos no Brasil.

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