domingo, 10 de abril de 2011

Crônica - Fernando Sabino

O Nascimento da Crônica
"Há um meio certo de começar a crônica por uma trivialidade. É dizer: Que calor! Que desenfreado calor! Diz-se isto, agitando as pontas do lenço, bufando como um touro, ou simplesmente sacudindo a sobrecasaca. Resvala-se do calor aos fenômenos atmosféricos, fazem-se algumas conjeturas acerca do sol e da lua, outras sobre a febre amarela, manda-se um suspiro a Petrópolis, e la glace est rompue está começada a crônica.(...)"
(Machado de Assis. "Crônicas Escolhidas". São Paulo: Editora Ática, 1994)

Assim como a fábula e o enigma, a crônica é um gênero narrativo. Como diz a origem da palavra (Cronos é o deus grego do tempo), narra fatos históricos em ordem cronológica, ou trata de temas da atualidade, que tem relação com a ideia de tempo e consiste no registro de fatos do cotidiano em linguagem literária, conotativa. Geralmente narrada em 1ª ou 3ª pessoa, com uma linguagem pessoal e subjetiva, poucos personagens, com a variedade padrão.


A crônica pode receber diferentes classificações: 

  • Lírica: em que o autor relata com nostalgia e sentimentalismo;
  • Humorística: em que o autor faz graça com o cotidiano;
  • Crônica-ensaio: em que o cronista, ironicamente, tece uma crítica ao que acontece nas relações sociais e de poder;
  • Filosófica: reflexão a partir de um fato ou evento;
  • Jornalística: que apresenta aspectos particulares de notícias ou fatos, pode ser policial, esportiva, política etc.
 Fernando Sabino

Fernando Tavares Sabino,é filho de Domingos Sabino, e de D. Odete Tavares Sabino, nasceu em 12 de outubro de 1923, em Belo Horizonte. Aos 17 anos, ao decidiu ser gramático, escreveu uma crítica sobre o dicionário de Laudelino Freire no jornal "Mensagem", e publicou também artigos literários em "O Diário", ambos em Minas Gerais.Em 1934, entra para o escotismo, onde permanece até os 14 anos.  Disse ele em sua crônica "Uma vez escoteiro":
"Levei seis anos de minha infância com um lenço enrolado no pescoço, flor-de-lis na lapela e pureza no coração, para descobrir que não passava de um candidato à solidão. Alguma coisa ficou, é verdade: a certeza de que posso a qualquer momento arrumar a minha mochila, encher de água o meu cantil e partir. Afinal de contas aprendi mesmo a seguir uma trilha, a estar sempre alerta, a ser sozinho, fui escoteiro — e uma vez escoteiro, sempre escoteiro".
  No início da década de 1940, começou a cursar a Faculdade de Direito e ingressou no jornalismo como redator da "Folha de Minas". Seu primeiro livro de contos, "Os Grilos não Cantam Mais", foi publicado em 1941, no Rio. Nesse mesmo ano, torna-se colaborador do jornal literário "Dom Casmurro", da revista "Vamos Ler" e do "Anuário Brasileiro de Literatura". 


 Sabino decide, em 1957, viver exclusivamente com escritor e jornalista depois de pedir exoneração do cargo de escrivão. Inicia uma produção diária de crônicas para o "Jornal do Brasil", escrevendo mensalmente também para a revista "Senhor". Em julho de 1999, recebe da Academia Brasileira de Letras o prêmio "Machado de Assis" pelo conjunto de sua obra. 
 Publica em 2004 o romance "Os Movimentos Simulados", da editora Record, totalizando uma produção literária de mais de quatro dezenas de obras em 80 anos de vida.
 Um dia antes de completar 81 anos, morre no dia 11 de outubro de 2004 vítima de câncer no fígado. O escritor lutava contra a doença desde 2002. O corpo de Sabino foi sepultado ao som de canções de jazz, tradicionais em funerais de Nova Orleans (EUA), na manhã do dia 12 de outubro, no cemitério São João Baptista, em Botafogo, zona sul do Rio.
 
A seu pedido, seu epitáfio é o seguinte: "Aqui jaz Fernando Sabino, que nasceu homem e morreu menino".


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